A PROPÓSITO DE FESTAS

Quando falamos em festas, religiosas ou não, esses momentos que, sobretudo nestes meses de Verão, fazem parte das nossas terras e associações e quase invadem os dias e as noites de todos nós, falamos, necessariamente, de um modo de angariar fundos para os fins desejados. Não negamos que esse é um factor importante, mas, no meu modo de ver, outros há que se deviam tornar primeiros quando se programam actividades festivas. Congregar, juntar, mover, reunir as pessoas num tempo e num espaço em que se sintam bem, para que se sintam motivadas a ir para se encontrarem com outros, para conversar e partilhar ideias.
Todos compreendemos que o progresso de uma comunidade não se manifesta no viver opulento de alguns, porque outros ficarão sempre a viver mais pobremente e lado a lado com eles. A comunidade mede-se pelo que de comum existe e quando é fruto da participação de todos. Sendo mais ou sendo menos, menos importa o que se dá do que sobra que o que se dá do que se é. A festa sem cada um de nós torna-se mais pobre, menos festa.
Clara é também a dificuldade no encontro de gente disposta a organizar, a orientar, a puxar. Cada vez mais os jovens encontram ocupação dentro de casa ou longe dela, cada vez mais os jovens participam menos na construção da vida comum. Atente-se que não condeno, mas que constato uma realidade que me parece bem compreensível; cada vez mais os menos jovens se sentem cansados; cada vez mais as crianças vão nascendo em menor número; cada vez mais se sente que estamos em época de mudança, e que, como sempre, faz sofrer e ter medo, porque se sabe mais ou menos de onde se vem, e muito se quer deixar, mas não se sabe para onde se vai e o que se conseguirá alcançar. Cada vez será mais difícil encontrar gente generosa e disposta a entregar-se voluntariamente pelo bem da comunidade.
Se uma comunidade religiosa, uma comunidade civil, uma associação… consegue construir comunidade e comunhão, a angariação de fundos para os seus projectos torna-se mais fácil. Por isso digo que antes de pensar ter mais para fazer mais precisamos ser mais para conseguir o suficiente e necessário. Oxalá as nossas festas se tornem sempre mais espaço e tempo de encontro, mas não o serão se cada um de nós pensar mais em ser e estar que em dar.
Falando de festas, não posso deixar de manifestar o meu apreço por todos aqueles que organizaram, e continuam a organizar, os eventos que acontecem nesta freguesia. Claro que não se pode esquecer aqueles que com os organizadores colaboram dando o seu tempo, o seu trabalho, os seus bens, arrisco dizer, parte da sua vida, para que tudo possa acontecer o melhor possível.


Pe. José Baptista

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