TASQUINHAS, PASSEIOS PEDONAIS E SANEAMENTO

É com orgulho redobrado que constatamos, mais uma vez, que as colectividades da nossa freguesia demonstraram uma grande capacidade de organização e de mobilização, proporcionando à freguesia uma festa que a todos nos enche de contentamento. Foram quatro dias de encontro e de convívio entre as suas gentes, num local ímpar que é nosso. Trata-se de um invento que pegou de “estaca” e, perante tamanho entusiasmo, já estamos todos a pensar nas tasquinhas do próximo ano. Queremos deixar um agradecimento às Colectividades, à Câmara Municipal de Leiria e, em especial, aos funcionários da junta que não regatearam esforços para que tudo estivesse em ordem, a tempo e horas. A todos o nosso obrigado.
No passado dia 19 de Setembro o executivo da junta uma reunião com o novo Director da EP, EPE, (Estradas de Portugal) para abordar o problema da falta de passeios pedonais em Várzeas, junto à Estrada Nacional 109. A conclusão desta reunião resultou numa decepção para nós. Todos os avanços que se tinham conseguido com o anterior director voltaram à estaca zero. Para que o processo não fique em “banho-maria” a Câmara vai realizar um levantamento topográfico da zona da falsa rotunda para Monte Real, para depois voltarmos a reunir com o Director para se iniciar nova fase de estudo e projectos para aquele troço de estrada. Para já, nada está previsto e não nos foram dadas grandes esperanças que mesmo com os novos estudos a obra venha a ser calendarizada. É uma vergonha!
Finalmente, parece que vamos ter saneamento. Se tudo se desenrolar conforme previsto, as obras de saneamento irão ter início na nossa freguesia até ao final do ano. O concurso lançado, e que já foi adjudicado, não contempla toda a freguesia, sendo a parte restante incluída em próximo concurso. Vamos ver.

José Carlos Gomes

O REGRESSO ÀS AULAS VISTO PELOS PROFESSORES

Colocamos quatro questões a dois professores para conhecer a sua perspectiva sobre a prática de ensino nos dias de hoje. Albertina Carreira, professora de Religião e Moral (EMRC), e Acácio Domingues, professor de Educação Física, deram a conhecer a sua opinião.
1- Nos dias que correm fala-se em muitas alterações no ensino. Considera que, nos dias que correm, há facilitismo para com os alunos?
2- O que a marcou mais enquanto aluno (a)?
3- E enquanto professor (a)?
4- Se fosse ministro (a) da Educação, o que mudava no nosso sistema de ensino?

Albertina Carreira
1- O próprio sistema de ensino favorece esse facilitismo! Na sua grande maioria, os alunos hoje em dia são super-protegidos pelos pais! Crescem a obterem quase tudo, sem grande esforço! Os meninos pedem e os pais dão! Basta ver, os telemóveis topo de gama, a roupa de marca, os portáteis, etc. ...Depois na escola, pensam que também não precisam de se esforçar! Graças a Deus que há excepções!
2- Quando um professor mandava algum recado para os meus pais (o que era raro!) e eu tentava de alguma forma explicar o que tinha acontecido, era uma batalha perdida, porque os meus pais achavam que o professor tinha sempre razão! Hoje em dia os alunos questionam a autoridade dos professores porque os seus pais também a questionam!
3- Acho alguma piada, encontrar hoje em dia pessoas que vêm ter comigo e me dizem que já foram meus alunos. Às vezes consigo fazer boa figura porque ainda me lembro de alguns nomes!
4- Começava por reformular o próprio sistema de ensino! Quando ouço os nossos políticos a fazerem comparações a nível do ensino com outros países, a dizerem que num determinado país a taxa do sucesso escolar é excelente, os alunos tem notas brilhantes às disciplinas de Língua Materna e Matemática, apetece-me perguntar-lhes pelos incentivos que são dados às famílias nesses países! Só a título de exemplo: na Finlândia, quando um aluno vai pela primeira vez para a escola (1.º ano de escolaridade), a mãe tem direito a ficar seis meses em casa para poder acompanhar e apoiar o seu filho! E continua a receber mensalmente o seu ordenado! Não é preciso dizer que no nosso país, os pais muitas vezes não vão à escola falar com o Director de Turma, porque o patrão não o permite!

Acácio Domingues
1-Actualmente, atravessamos um período de alterações, em termos de políticas educativas, que condicionam toda a estrutura escolar. Na educação só o tempo dirá se estas medidas terão um impacto positivo, ou não, na vida dos alunos e das escolas. Relativamente ao facilitismo, diria que é mais fácil aos alunos concluírem os seus ciclos de ensino, uma vez que existem mais alternativas na escolha dos percursos escolares. Isto é, existem cursos com graus de dificuldade distintos. Por outro lado, relativamente à escolaridade obrigatória, estão criados mecanismos burocráticos que favorecem e promovem o sucesso dos alunos.
2 e 3- Não houve nenhum acontecimento concreto que me tivesse marcado especialmente, quer como aluno, quer como professor. No fundo, aquilo que conseguimos obter como alunos, e oferecer como professores, são conhecimentos e experiências que apenas diferem na forma como cada um os consegue interpretar.
Na realidade, o que me marca todos os dias é poder interagir com um mundo de crianças e jovens, e poder contribuir para a sua formação íntegra e positiva.
4- Infelizmente, vivemos num país com escassos recursos económicos, e esse facto condiciona todas as ideias, por muito boas que sejam. No entanto, há coisas que o dinheiro não compra, e essas podem ser postas em prática.
Da escola fazem parte os alunos, os professores, os funcionários, os pais e as entidades responsáveis. Ao existir desagrado claro de algum destes agentes, a máquina não funciona, e os riscos de insucesso ficam mais evidentes. Daí que a promoção do diálogo aberto e sincero seja fundamental, por parte de quem tutela a educação, no sentido de encontrar estratégias para obter o equilíbrio e a colaboração entre todas as partes envolvidas.

SANEAMENTO PRONTO A ARRANCAR

As obras de saneamento para a freguesia estão prestes a arrancar. Após o lançamento do concurso para a realização das obras de saneamento, a empresa vencedora, Leirislena, prevê o arranque das mesmas até ao final do ano. A Leirislena é a empresa encarregue das obras desta primeira fase, que contempla uma parte da freguesia. Posteriormente, haverá um novo concurso para a adjudicação da segunda fase.

O PRAZER DA LEITURA

A leitura, com a invenção da imprensa, tornou-se uma actividade extremamente importante para o homem civilizado. Em termos de hábitos de leitura, e falando nos dias de hoje, os hábitos dos portugueses, e apesar de muito baixos, tendem a subir. Para uns, o prazer da leitura, para outros, a busca por mais conhecimento, a verdade é que a leitura se tornou uma ferramenta fulcral.
A Junta de Freguesia de Souto da Carpalhosa tem à disposição de todos uma vasta biblioteca com variado livros: do conto à poesia, dos mais recentes aos mais clássicos, há sempre um livro dedicado a cada um.
Sem qualquer tipo de custos ou burocracias, qualquer um pode deslocar-se até às instalações da sede da junta e requisitar um livro pelo tempo que desejar. Sim, o livro não tem de ser entregue logo na semana seguinte, proporcionando ao leitor uma maior liberdade para gerir o seu tempo de leitura e lazer. Por norma, e para uma melhor gestão afim de os livros estarem disponíveis, as requisições são realizadas pelo período de cerca de um mês.
Para além da requisição de livros, qualquer um pode também contribuir para o enriquecimento da biblioteca da junta. Como? É simples. Basta ceder à junta os livros que estão na prateleira e já não são lidos por ninguém lá de casa. Mas quem sabe se não há sempre alguém interessado em folhear as páginas desse livro?
Leia e faça ler. E não se esqueça: um livro é sempre uma janela para o mundo.

ASSEMBLEIA DE FREGUESIA

Realiza-se no próximo dia 10 de Outubro, sexta-feira, pelas 20h30, mais uma sessão ordinária da Assembleia de Freguesia na sede da junta.
Na ordem de trabalhos estão agendados os seguintes assuntos:
- Leitura e votação da acta da reunião de Assembleia datada de 28 de Junho de 2008;
- Apreciação e votação do relatório de actividades e situação financeira da Junta de Freguesia, no período de 1 de Junho a 30 de Setembro.
Todos os interessados estão convidados a participar nesta reunião, uma vez que se trata de uma actividade aberta à população e do interesse geral.

ALUNOS DISTINGUIDOS

No passado dia 12 de Setembro, realizou-se no Colégio Dr. Luís Pereira da Costa, em Monte Redondo, a entrega de diplomas referentes ao ano lectivo transacto. De acordo com o definido pelo Ministério da Educação, e manifestando o espírito de uma escola que se reconhece nos seus alunos, o colégio procedeu à entrega dos diplomas de Conclusão de Estudos e à cerimónia de entrega dos Prémios de Mérito. Trata-se de um acto solene que se refere a um ciclo formativo, mas também a um ciclo de experiências. Associado a este evento, efectuou-se, também, a entrega de distinções relativas ao Quadro de Honra.
Assim, no âmbito dos Prémios de Mérito, foi atribuído pela empresa Azinheiro, Sociedade de Construções, à aluna Tiffany Santos, do 2.º Ciclo, um prémio monetário no valor de 100 euros.
O prémio para o melhor aluno do 3.º Ciclo foi atribuído pela MTL, na pessoa de Ana Rita Ramalho, no valor de 150€, ao aluno André Estrada.
No Ensino Secundário, a distinção atribuída pelo Ministério da Educação, com o valor pecuniário de 500 euros, coube aos alunos Alexandre Silva e Bebiana Pedrosa.

TASQUINHAS REPETEM SUCESSO

Pelo terceiro consecutivo realizou-se a Festa das Colectividades e Tasquinhas de Souto da Carpalhosa. Este ano, à semelhança do ano passado, o certame teve lugar na Charneca do Nicho. Apesar do sucesso registado no último ano, e segundo os organizadores, as tasquinhas deste ano registaram ainda uma maior afluência e nem a as nuvens cinzentas e os escassos pingos de chuva assustaram quem por lá passou.
O NF visitou as tasquinhas representadas neste encontro e uma coisa ficou comprovada: a boa disposição e o convívio foram ímpares no certame. De frisar também a panóplia de cheiros que se fazia sentir no ar pelos mais variados petiscos e iguarias que cada colectividade ali mostrou.
Deixamos alguns registos que recolhemos durante os quatro dias de convívio. Para o ano há mais…



















VÁRZEAS VENCEU TORNEIO E S.MIGUEL O FAIR-PLAY

No passado sábado, dia 20 de Setembro, decorreu a final do torneio Inter-Associações entre a equipa das Várzeas e S. Miguel, ambas representando as respectivas associações. Apesar dos golos marcados, o tempo normal de jogo não foi suficiente para conhecer o vencedor do torneio. Só no prolongamento é que o resultado se decidiu e a equipa das Várzeas saiu vitoriosa com quatro golos marcados contra os três da equipa de S. Miguel.
Segundo Nuno Lopes, membro da direcção da A.C.D. Santa Bárbara, “o torneio, no geral, correu muito bem”, apontando como único senão “o facto de quatro associações não arranjarem árbitro é que complicou um pouco o torneio”. Contudo, a apesar deste pequeno percalço, Nuno Lopes salientou o fair-play demonstrado em todo o torneio.
No dia seguinte, deu-se a entrega de prémios do torneio nas tasquinhas da freguesia. O primeiro prémio foi atribuído à equipa das Várzeas, vencedora da final. Mas, a ARCUSA, equipa de S. Miguel, arrecadou a taça Fair-play, como reconhecimento de desportivismo.

MOITA DA RODA MANTÉM SUCESSO NAS FESTIVIDADES

As festividades em honra de Nossa Senhora da Saúde decorreram no primeiro fim-de-semana de Setembro, em Moita da Roda. Segundo a organização, os quatro dias de festa correram dentro das conformidades, reinando a animação e a boa disposição. O NF falou com a Maria Helena Lopes, da comissão de festas de 2008, que confirmou o sucesso das comemorações na Moita da Roda. “Houve sempre muita gente. Eu que estive no restaurante, que o diga”, disse-nos a mordoma.
Maria Helena afirmou que “foram dias em que a juventude não foi à cama” com tamanha azáfama. “Agora é tempo de acertar as agulhas”, rematou. Para 2009 já há nova comissão de festas e os preparativos para o ano seguinte já começam a ser trabalhados.
Aqui fica o registo de alguns dos momentos das festas que decorreram em honra de Nossa Senhora da Saúde.









REGRESSO ÀS AULAS EM SEGURANÇA

Após o merecido descanso de férias, chega a hora do regresso às aulas. Muitas crianças, jovens e mesmo adultos voltam para as cadeiras da escola ao encontro de mais formação. Mais formação que os ajude a enfrentar os desafios do futuro e que vá ao encontro dos seus objectivos de vida.
É neste período que dos orçamentos familiares vai uma grande fatia para livros, canetas, mochilas, enfim material escolar necessário para um proporcionar a qualidade imprescindível a todo o bom estudante.
Gostaria de apelar àqueles que têm responsabilidade na educação, para a importância da segurança nas escolas e nas estradas. Muito dos acidentes acontecem, por descuido e falta de segurança.
Deixo aqui algumas dicas de segurança, de forma a evitar alguns acidentes:
· No automóvel: ter cadeiras para crianças e cinto bem apertado;
· Na estrada: circular o mais à direita possível, se em grupo seguir em fila “indiana” e não esquecer as mochilas e coletes com reflectores bem como lanternas, para ser visto quando caminha;
· Na escola: conservar os equipamentos, mantê-los seguros e fixos, assim como ter a caixa de primeiros socorro sempre à mão e abastecida;
· Seguros: as crianças também devem possuir um seguro que as proteja em caso de acidente, com capitais suficientes para fazer face a acidentes de custos mais elevados.
Estas simples dicas devem estar presentes na lista de compras a efectuar, afim de minimizar ou mesmo evitar a sinistralidade.
Lembro que os educadores são os primeiros responsáveis pela segurança das crianças.
Bom regresso às aulas!
Seja Feliz! Faça Alguém Feliz!


Gastão Crespo

POR TERRAS TRANSMONTANAS

Obrigado Ricardo! Quero começar desta maneira este meu expresso, agradecer-te pelo memorável passeio que nos proporcionaste no passado mês de Agosto. Vou dizer-te porquê: as terras onde nos levaste são por natureza abastadas de coisas lindíssimas e os visíveis rochedos de granito completam a beleza das paisagens, fortalecendo simultaneamente as populações.
Escusado será dizer que os jacentes penedos contribuíram heroicamente ao engrandecimento da nossa história, são por conseguinte monumentos nacionais que eu ainda não tinha visitado!
Fiquei deveras pasmado a olhar a vastidão, a grandiosidade e o particular carinho como se encontram tratadas as parcelas rurais. Nesta girata senti a sensação de volta atrás 50 cinquenta anos na época actual quando atravessámos aquelas imensidões de colinas, admirando até perder de vista, deslumbrado pela extrema beleza das plantações de amendoeiras e oliveiras carregadas com seus frutos, a revelar os cuidados que usufruem dos quais já tinha ouvido falar mas não conhecia.
É impressionante ver este espaço no alto interior transmontano de Vila Flor a Alfândega da Fé em reduzida porção populacional e as beldades que nos ostenta.
Porquê comparar a cinquenta anos atrás no tempo? Pois, se bem me lembro, nessas alturas também estavam assim amanhadas as terras confinantes à aldeia onde nasci. Hoje, apesar da evolução em que vivemos e tanto mecanismo existente, mostra o que se vê: caminhos intransitáveis, silvados gigantes e terrenos ao abandono!
Esta viagem foi para mim uma lição, um belo exemplo, de facto. Quem não conhece, convido a descobrir. Em tempos ditos de luta contra os incêndios e incendiários, acho que a melhor arma de combate é o alinho, a convizinhança fraterna e a entreajuda. Contrário ao que se consta no Centro Litoral, o transmontano é um povo alheio à desconfiança. São hospitaleiros afáveis, bairristas e foliões! Na minha opinião é agradável e simples viver esta forma de vida!
Porque será que as boas acções não se propagam como se espalha o nojento carácter orgulhoso e desentendido? São interrogações que me faço mas não consigo perceber, nem mesmo com ajudado “Oráculo de Napoleão” que tantas dúvidas desfez.

Albino de Jesus Silva

UMA QUESTÃO DE LEALDADE PESSOAL

Há dois mil anos, Cristo comparava as gentes do seu tempo a dois grupos de crianças que discutem na praça porque ninguém se conseguia entender. Uns diziam para os outros: “tocámos flauta e vocês não dançaram, entoámos lamentações e vocês não choraram”, como quem diz: afinal o que é que querem? A perspectiva não mudou: somos eternos descontentes e insatisfeitos; tudo está mal e normalmente a culpa não é nossa. A perfeição com que a vida nos presenteou, perfeição que só nós conseguimos ver, chega ao ponto de as questões respeitantes ao “mundo melhor” serem obrigação apenas dos outros.
Para não trazer à baila outras questões partilho um pensamento e preocupação com que, há dias, ocupei parte do tempo enquanto vinha de Leiria para o Souto. Junto ao corte do IC2 para Leiria Norte, ali na zona da Cova das Faias, três brigadas de trânsito preparavam-se, pelo aparato, para fazer uma “operação stop”, certamente na busca de irregularidades por parte dos condutores. Algumas centenas de metros depois… um carro parado. Passei. Ele arrancou numa velocidade ainda mais lenta que a que eu trazia e até que cortasse no sentido da Figueira da Foz, pela N109, pude observar que veio todo aquele espaço a acender faróis, para quem viajava na outra faixa, avisando da presença da autoridade cerca de um quilómetro mais adiante. Parecia contratado.
Pus-me a pensar se em algum daqueles carros não estaria a ser transportada uma grande quantidade de droga para ser consumida pelos filhos de quem lhes passava sinais. E quem me garante que aquela operação não era para encontrar um traficante de armas para vender a gente sem escrúpulos e que matam que pode matar qualquer um de nós por “dá cá aquela palha”?? E se uma criança tivesse desaparecido de junto da sua mãe, levada não se sabe por quem ou para onde, e as autoridades estivessem à espera que passassem os raptores para serem capturados? E se do outro lado da estrada estivesse a fugir o assaltante de um banco na cidade? E se alguém alcoolizado, numa tentativa de fuga, não tivesse tempo de parar na passadeira onde a esposa e a filha pequenina, daquele senhor que tinha passado sinais de aviso, estavam a atravessar a rua depois de um dia de escola? E se…
E quem avisa criminosos, ainda que sem o saber, não é criminoso também? E se há uma lei que é justa, ainda que nos custe a cumprir, porque é que não havemos de a cumprir? Não é uma questão de muito ou pouco, mas de uma certa dignidade interior. Parece que continuamos a ver as autoridades como inimigos a abater, mas não deixamos de protestar contra a falta de segurança em todas as situações do nosso dia ou se, quando precisamos delas, não aparecem senão depois de algum tempo passado. Tudo exigimos e pouco fazemos, como crianças pequeninas, talvez muitas vezes não saibamos o que queremos.

Pe. José Baptista

"AS MINHAS ORIGENS ESTÃO NO SOUTO E UM DIA VOLTAREI"

Orlando Cardoso nasceu no Souto da Carpalhosa há 60 anos. Filho de Joaquim dos Santos Cardoso e de Maria da Cruz, frequentou a escola primária da sede da freguesia e o Liceu de Leiria. Licenciou-se em História pela Universidade de Coimbra e, hoje, é professor no Colégio João de Barros, em Meirinhas.
Dirigiu o semanário “Correio de Pombal” durante três anos e o “Jornal de Leiria” (oito anos), sendo actualmente Director Editorial deste último. Integra o Conselho Editorial da revista “Desafios”, da NERLEI (Associação Empresarial da Região de Leiria).
Tem mantido ao longo dos anos uma actividade regular como escritor, publicou “Trinta dias em Maio” (Prémio de Poesia Ary dos Santos - 1991), “Xeque-Mate” (Prémio de Conto Comemorativo dos 600 Anos dos Bombeiros Portugueses - 1996), e os livros de contos “Espanto da Lua” e “Fora das Margens”. Publicou, ainda, os ensaios “João de Barros – Um Cortesão em Terras de Litém” e “Macau e o Oriente na Vida de Lara Reis”. É co-autor do roteiro “Leiria – Uma Viagem na Cidade” e dos álbuns ilustrados “Zarah, A Moura Encantada de Leiria” e “Joanão e Joaninha”.
Já em 2008 ganhou o Prémio de Literatura do IPL (Poesia) com “As Uvas de Laberia Galla”, livro que deverá ser publicado brevemente.

Durante quanto tempo viveu no Souto da Carpalhosa?
O meu pai era natural do concelho da Figueira da Foz. Como ferroviário, andava de casa às costas um pouco por todo o país. Veio parar, nos anos 40, à estação de Monte Real. Num dia de Janeiro, em que estava de folga, foi à festa do Santo Amaro, na Ortigosa, onde conheceu a minha mãe, que era do Souto. Depois aconteceu o que tinha de acontecer. Começaram a namorar e casaram três anos mais tarde. Tiveram três filhos, o Vítor, que era o mais velho, eu e a minha irmã Odilia, que é a mais nova. Vivi no Souto, a tempo inteiro, até aos 17 anos. Por essa altura o meu pai, que foi presidente da Junta de Freguesia durante 17 anos, foi trabalhar para uma estação em Lisboa e fomos viver para uma casa da CP em Alcântara.

Que recordações, memórias, guarda consigo dessa altura?
Tive dois excelentes pais que procuraram sempre que nós tivéssemos uma vida melhor que a que eles tiveram. Numa altura em que era muito difícil estudar depois de completar a Primária, eles passaram muitos sacrifícios para nós continuarmos e irmos para o Liceu de Leiria. Quando fomos para Lisboa, já o meu irmão frequentava o Instituto Superior Técnico, onde fez engenharia electrotécnica.
Guardo as melhores recordações e memórias do Souto da minha infância. Desde a escola à “doutrina” tudo me despertava uma curiosidade que, muitos anos passados, ainda hoje se mantém pelo que me cerca. Fiz bons amigos que ficaram para toda a vida, como o José Esperança, o Carlos Caetano, que só vinha nas férias e, naturalmente o meu irmão. Outro bom companheiro, felizmente ainda vivo, era o Lino que as voltas da vida levaram à emigração para França. Este, infelizmente não pôde continuar a estudar. De uma inteligência viva e brilhante, teria ido muito longe, como foi, em qualquer ofício que escolhesse.
A aldeia cresceu. Fazíamos grandes jogatanas de futebol com a malta da Várzeas, numa rivalidade distante de muitas raivas e ódios que marcaram a vida de algumas terras vizinhas.
Depois passei a vir ao Souto com regularidade, enquanto vivi em Lisboa. Aos 20 anos foi a grande mudança. Saí de Portugal e fui viver para a Holanda, onde estive até ao 25 de Abril. A emigração foi, sem dúvida, uma das maiores escolas da minha vida.
Quando regressei fui viver para Leiria, passando a ir ao Souto todas as semanas, o que ainda hoje faço.

Gostava de um dia voltar a viver na sua terra?
Nunca se sabe o que o dia de amanhã nos reserva. As minhas origens estão no Souto e um dia voltarei.

Tem várias obras publicadas, inclusivamente já ganhou prémios de literatura. A sua vivência e o seu passado nesta localidade tiveram algum contributo nas suas obras?
Desde muito novo que a escrita me atraiu, tornando-se uma verdadeira paixão. Publico coisas em jornais desde há 40 anos e editei o primeiro livro de poemas em 1973. Os prémios, dois de poesia e um de ficção, vieram por acréscimo e funcionam como revitalizador quando apetece desistir.
Quanto à questão que coloca, essas referências existem, nomeadamente nos três livros de contos que publiquei. Mas não sou o que se chama um escritor regional. Penso que este tem de vencer os limites locais, embora nunca perdendo a sua identidade.

Jornalista, contista, poeta, professor... é o homem dos sete ofícios?
Sempre desenvolvi várias actividades em simultâneo e disso não me arrependo. Devemos desenvolver as capacidades que a mãe-natureza nos deu para nosso usufruto. Só assim podemos desejar ser felizes. Tenho a profissão que escolhi, faço as coisas de que gosto, tenho dois bons filhos, que mais posso desejar?

O que ainda gostava de vir a fazer?
Gostava de completar alguns trabalhos que andam na minha cabeça, nomeadamente na investigação em História e na ficção, em que tenho um romance em fase de acabamento. Mas, há muito tempo que deixei de fazer planos a longo prazo. Saem, de um modo geral, todos furados… Gostaria, contudo, de me sentir activo durante muitos anos.

Enquanto professor, como vê o ensino nos dias de hoje? Considera que há facilitismo?
Gosto muito da minha profissão. Continuo a ter um grande prazer ao entrar na sala para ensinar o que aprendi e aquilo que fui descobrindo ao longo da vida. Se fosse possível voltar atrás seria, de novo, professor. Frustrações também as há. Além de ensinar, o professor hoje é tudo: substitui os pais ausentes, o irmão mais velho, é assistente social e tudo o mais de que o Estado e a sociedade se lembram. Quanto ao facilitismo, como se sabe, o maior cego é o que não quer ver. E há muitos.

Quais as principais diferenças que nota, nos dias de hoje, comparativamente ao seu tempo de aluno?
Muitas são as diferenças em relação aos meus tempos de aluno. A primeira é esse bem inestimável, a liberdade, que permitiu o acesso de todos à educação. Os alunos, hoje, não estão sujeitos a aspectos, muitas vezes absurdos, que caracterizavam o ensino antes do 25 de Abril. As grandes diferenças, para pior, estão no nível de exigência das escolas, num nivelamento por baixo verdadeiramente assustador e que se vem agravando à medida que se sucedem os governos e os ministros. Não podemos, neste caso, esquecer que os partidos do poder, o PS e o PSD, são os principais responsáveis do estado a que a educação chegou.

RANCHO COMEMORA 31.º ANIVERSÁRIO

O Rancho Folclórico Juventude Amiga de Conqueiros festeja, no mês de Outubro, o seu 31.º aniversário. De forma a manter a tradição, o rancho vai promover mais um Festival de Folclore, divulgando a freguesia do Souto da Carpalhosa, o concelho de Leiria, a região da Alta Estremadura e a sua cultura com danças e cantares tradicionais.
As comemorações do aniversário deste rancho iniciam-se na sexta-feira, dia 10 de Outubro, com a música e animação da banda Bairro dos Castiços, que actuará a partir das 21 horas. No sábado, dia 11, a festa continua com jogos tradicionais durante a tarde e, à noite, o pezinho de dança será ao som da música do organista Bruno Ricardo.
O Festival de Folclore, propriamente dito, irá decorrer no domingo, dia 12 de Outubro, num evento em que se pretende assinalar a data comemorativa. O programa, já definido, conta com a participação de vários ranchos e grupos, nomeadamente, o Rancho Folclórico de Alferrarede a Velha (Abrantes), o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Vila Nova de Mil Fontes (Alentejo), o Rancho Folclórico e Etnográfico Montemorense (Montemor-o-Novo) e, como não poderia deixar de ser, o grupo aniversariante, o Rancho Folclórico Juventude Amiga de Conqueiros.
O dia começa com a celebração da missa, pelas 10h15, por intenção de todos os elementos já falecidos. A actuação dos ranchos, no último e maior dia de festa, arranca com um desfile dos ranchos pelas 15 horas com percurso desde o largo da capela até à sede do rancho aniversariante. Meia hora depois dar-se-á início ao festival de folclore com actuação de 30 minutos para cada grupo. Pelas 19 horas haverá jantar para todos os elementos dos ranchos. A acordeonista Naty actuará a partir das 20h30 e encerrará este fim-de-semana de festa.
A direcção do rancho convida a todos a irem até aos Conqueiros neste fim-de-semana de festa.

MUITA PARRA E POUCA UVA

As vindimas assumem um papel de destaque no mês de Setembro. A uva está madura e é tempo de apanhar antes que as chuvas do Outono comecem a fazer os seus estragos.
No passado dia 13 de Setembro, num sábado bem soalheiro, o Notícias da Freguesia foi acompanhar uma vindima e conhecer um pouco a prática da colheita da uva nos dias que correm.
Na freguesia do Souto da Carpalhosa, as vindimas são mais que uma tradição, são um hábito de convívio social. Contudo, e com o passar dos anos, esta tradição tem-se perdido um pouco. O método já não é o mesmo, a tradição também não. Mas o espírito da convivência, esse, continua vivo.
Assim, o NF foi acompanhar a vindima de Aldino Conceição e Gorete do Vale, dos Conqueiros, que, acompanhados por cerca de 25 adultos – e várias crianças – entre familiares e amigos, trataram da vindima numa só manhã. A boa disposição acompanhou o trabalho da apanha da uva que começara por volta das 8h30 da manhã.
Carlos Santos, um dos participantes da apanha da uva nesta vindima, frisou que esta colheita, que resultou em 45 cestos de uvas, “gerou metade da produção que a mesma vinha deu no ano passado”. Contudo, afirmou que “apesar da quantidade de uva ser menor, a qualidade da uva e do vinho será bem maior”, uma opinião partilhada por vários dos presentes e de quem já trazia um pouco de experiência nesta área.
Depois dos cestos cheios carregados em carrinhas, seguiram para casa para dar processo ao esmagar da uva. E tal como os tempos mudam, também é certo que os hábitos se alteram e em vez dos pés metidos dentro das tinas para esmagar os bagos, agora o esmagador tomou esse lugar.
Desta vindima, tradicional e familiar, e apesar da quebra de produção, o resultado final irá rondar entre os 600 a 650 litros de vinho. O que, para família e amigos, ainda vai dar para matar a sede.