O NOTÍCIAS ESTÁ DE PARABÉNS

Com a publicação do jornal referente ao mês de Fevereiro, chegamos à edição 50 do NOTÍCIAS DA FREGUESIA, estando assim o nosso jornal de parabéns. Nesta edição, assinalam-se também marcos importantes no jornal. Passamos, a partir desta data, a estar registados na Entidade Reguladora para a Comunicação Social, comprometendo-nos, aqui mesmo, a cumprir com o nosso Estatuto Editorial, aumentando assim o nosso compromisso de seriedade para com o leitor. Para além disso, e pelo sucesso que o jornal tem tido junto da comunidade, é também na edição 50 que o jornal dá mais um passo, duplicando a sua tiragem (agora com mil exemplares), dando assim a possibilidade para que o NOTÍCIAS DA FREGUESIA chegue a mais leitores.
Curiosamente, o número 50 está bem presente este mês no jornal. Para além de ser o número de edição é também um número comemorativo entre casais. Nesta edição, falamos com dois casais que há mais de 50 anos partilham momentos de cumplicidade, mostrando assim que o amor pode ser para durar.
Temos conhecimento que o nosso jornal é um veículo de informação apreciado também lá fora, nomeadamente em França e no Brasil. Sabemos também que, muitos gostariam de o poder receber onde estão, distantes da sua terra. Por tudo isto, a todos os que quiserem receber o NOTÍCIAS DA FREGUESIA onde se encontram, a junta pede que deixem envelopes endereçados e selados nas nossas instalações, a fim de lhes podermos enviar o jornal. Fazemos este pedido uma vez que, tal como é do conhecimento de todos, a única receita do jornal é a promoção da nossa terra, pelo que, seria muito difícil por parte da junta suportar os custos de envio.
Relembro aqui, mais uma vez, o convívio dos ex-combatentes da guerra do Ultramar. Já podemos adiantar que o mesmo irá realizar-se no dia 14 de Junho. Para que possamos organizar este evento atempadamente, pedimos aos interessados que se inscrevam na Junta de Freguesia, com o máximo de brevidade, sendo portadores de algumas fotografias para a exposição (quem as tiver).

Onde pára o civismo?
Infelizmente, a falta de cidadania não é coisa do passado. Nos dias que correm, ainda vamos assistindo a coisas que de facto não lembram a ninguém, quando se pretende abrir ruas para facilitar construções a jovens que pretendem fixar-se na freguesia e para a quais é necessário o contributo de todos dentro de princípios de equidade e compreensão. E não pensem que as dificuldades que nos são criados provêem das pessoas de mais idade, antes pelo contrário. Mais chocante ainda é quando se dá o dito por não dito depois de se ter gasto dinheiro do erário público. São situações com as quais temos que conviver. Continuamos sempre disponíveis para as corrigir caso os intervenientes assim decidam.

José Carlos Gomes

PROJECTO EDITORIAL

Com o registo do NOTÍCIAS DA FREGUESIA na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), deixamos aqui o nosso compromisso editorial. É de referir que, apesar de ainda não estarmos registados na ERC, este compromisso já existia para com os leitores.
O NOTÍCIAS DA FREGUESIA é, e será, aquilo que os leitores quiserem que seja.

1. O NOTÍCIAS DA FREGUESIA DE SOUTO DA CARPALHOSA é um boletim informativo, generalista, de livre pensamento, com liberdade de expressão e pluralista em ideias.
2. O NOTÍCIAS DA FREGUESIA DE SOUTO DA CARPALHOSA não perfilha nenhuma ideologia política, racial ou religiosa, sendo a sua conduta de respeito por todas as ideias, ideais e crenças, desde que estas se enquadrem dentro do perfil da Democracia e respeito pelos Direitos Humanos.
3. O NOTÍCIAS DA FREGUESIA DE SOUTO DA CARPALHOSA respeita os direitos e deveres constitucionais da Liberdade de Expressão e Informação.
4. O NOTÍCIAS DA FREGUESIA DE SOUTO DA CARPALHOSA rege-se por critérios jornalísticos de rigor e isenção.
5. O NOTÍCIAS DA FREGUESIA DE SOUTO DA CARPALHOSA tem como principais objectivos: Assegurar a todos os leitores da freguesia de Souto da Carpalhosa o direito à informação; Ser um veículo de promoção da freguesia de Souto da Carpalhosa; Ter informação, predominantemente, de âmbito local e interesse público; Salvaguardar o rigor e a objectividade da informação e das fontes.

ENTRE O MUITO E O POUCO

É adágio popular essa expressão que diz que “O medo é que guarda a vinha”. Em recente viagem por terras de Israel e Jordânia, pude observar muitas coisas novas e diferentes daquilo com que nos confrontamos no nosso dia-a-dia. Umas ficam na memória porque fazem pensar, outras porque são espécie de aventura ou beleza que se retém com facilidade.
Foi dito que Israel, pequeno país de que dois terços de território são deserto, exporta 60% da sua agricultura que, ao que se diz, é a melhor do mundo. Neste contexto comentou-se que essa é a percentagem que Portugal importa no que diz respeito a produtos agrícolas (confesso ignorância, porque não sei se realmente assim é, mas bem acredito que seja). Alimentação? Bastante boa, pese embora o tipo de temperos utilizados, que não se compadecem muito com alguns dos gostos da nossa gente. Tudo aceitável, no meu ponto de vista. Um dos produtos que me chamou a atenção foi a maçã que como sobremesa nos era facultada, mesmo em hotéis de 5 estrelas. Deliciosas ao paladar, mas sem a beleza do brilho encerado das que se encontram nos nossos mercados e com um tamanho que na nossa próspera União Europeia não seria aceite, em caso algum, dadas as suas dimensões reduzidas. É evidente que sobremesas e doces não faltavam, mas aquelas maçãs pequeninas fizeram-me pensar que aquele país tem o progresso que tem também porque sabe vender o que é mais apetecível aos olhos e consumir o que pode ter um pouco menos de aparência, mas que nem por isso deixa de ser saboroso. Quem, dos mais velhos de nós, não recorda as maçãs que ficavam esquecidas ou como “rabisco” nas macieiras e que por mais pequeninas que se apresentassem tinham um sabor doce e a saber a pouco?
Habituámos a viver no muito sem termos, em muitos casos, passado pelo pouco, sem termos aprendido a dar valor à ausência daquilo que nos não faz falta. A situação económico-social em que estamos a ser forçados a viver faz-nos voltar a um passado indesejável e alerta-nos para um aspecto fundamental da vida humana: a partilha, que muitas vezes não sabemos fazer por generosidade mas que em momentos da história aprendemos a fazer por obrigação e pela impossibilidade de ficarmos insensíveis à situação de ausência de condições que estão na base da dignidade da vida humana e por que irmãos nossos, gente a nosso lado passa.

Pe. José Baptista

4 ANOS, 50 EDIÇÕES

Edição 50. O NOTÍCIAS DA FREGUESIA já começa a fazer história na freguesia, mas, mais importante, é o seu contributo para que se façam e se conheçam histórias.
Nesta edição, aniversário, várias foram as mudanças: mudança de gráfica, registo na Entidade Reguladora para a Comunicação Social, aumento, para o dobro, da tiragem. As mudanças foram muitas, mas a essência do NOTÍCIAS DA FREGUESIA continua a mesma.
Aqui ficam algumas vozes da freguesia que não quiseram deixar de felicitar o jornal.

“Apoiei sempre a criação do jornal. Acho muito importante a divulgação de informação. Quanto ao NOTÍCIAS DA FREGUESIA considero uma grande ideia e espero que a Junta de Freguesia continue com este projecto. É importante que as pessoas saibam que o jornal é apreciado lá fora (estrangeiro) e a junta faz o convite às população para deixar envelopes preparados a fim de lhes fazer chegar o jornal. Deixo aqui os meus votos de felicidades e que continue a ir para a frente!”. Albino de Jesus Silva, Souto da Carpalhosa (emigrante em França)

“Quero deixar aqui os parabéns ao jornal. Tem sofrido uma evolução bastante positiva, sobretudo de há uns meses para cá. É uma boa iniciativa da junta e é, acima de tudo, muito importante para a freguesia. Além disso, acho que tem também uma vertente muito importante, no sentido em que, de alguma forma, “pica” as associações e a comunidade para a realização de actividades. No fundo, é um meio de promoção”. Raul Caetano, Chã da Laranjeira

“Leio o jornal habitualmente e acho-o muito interessante. Tenho uma ideia muito positiva relativamente a este veículo informativo. É muito interessante ver e saber o que passa na freguesia, mesmo as coisas mais pequeninas que se fazem, que não significa que sejam menos importantes. Deixo aqui os meus votos de parabéns ao jornal e desejo que chegue à edição número 100 com uma dimensão ainda maior. Aproveito para deixar também os parabéns à junta pelo projecto”. Fernando Duarte, Picoto

COMISSÃO PAROQUIAL DE ARROTEIA

Uma vez já definidos, deixamos aqui o nome de todos os elementos que constituem a nova comissão da capela de Arroteia. Assim, esta comissão conta com vários voluntários, nomeadamente, Victor Rodrigues, Leonel Gaspar, Manuel Jesus dos Reis, José Duarte, Américo Domingues e Sérgio Gaspar.

RECENSEAMENTO ELEITORAL

O recenseamento eleitoral é um processo obrigatório para todos os cidadãos portugueses. Este ano, farto em eleições, contam-se as autárquicas, legislativas e europeias.
É importante que o cidadão ponha em exercício o seu direito de voto, mais: o seu dever de voto!
Nesta edição, deixamos aqui algumas indicações sobre o recenseamento eleitoral que sofreu algumas alterações recentemente.

Para quem é obrigatória a inscrição no Recenseamento Eleitoral (R.E.)?
A inscrição no R.E. é obrigatória para todos os cidadãos portugueses, residentes no território nacional, e maiores de 17 anos.

Sendo obrigatória a inscrição no R. E., o que devo fazer para me inscrever?
Nada. Os cidadãos portugueses, residentes no território nacional, e maiores de 17 anos, são automaticamente inscritos na Base de Dados do Recenseamento Eleitoral, com base na plataforma do cartão de cidadão e dos sistemas de identificação civil e militar.

Como actualizo os meus dados identificativos no R.E.?
Qualquer modificação dos elementos de identificação dos eleitores é comunicada automaticamente à Base de Dados do Recenseamento Eleitoral, através do SIGRE, ficando assim actualizada a sua inscrição no recenseamento eleitoral.

Quando mudo de residência, o que devo fazer para transferir a minha inscrição no recenseamento eleitoral?
Tem que obrigatoriamente proceder à actualização da residência no cartão de cidadão. A transferência de inscrição no recenseamento eleitoral opera-se, então, automaticamente.

Neste caso o número de eleitor mantém-se?
Caso mude de freguesia ou de posto de recenseamento, o SIGRE atribuir-lhe-á automaticamente um novo número de eleitor. Caso a mudança de residência se verifique dentro da mesma freguesia e posto de recenseamento, caso exista, o número de eleitor mantém-se.

O que é o SIGRE?

É a sigla de Sistema de Informação e Gestão do Recenseamento Eleitoral que assegura o recenseamento automático dos cidadãos, mediante a adequada interoperabilidade com a plataforma de serviços comuns do cartão de cidadão, com os sistemas de identificação civis e militares dos cidadãos nacionais e com o sistema integrado de informação do SEF no caso dos cidadãos estrangeiros e garante centralmente, no âmbito da BDRE, a consolidação e actualização da informação que nela consta.

Como se sabe o número de eleitor?
Através da Internet (http://recenseamento.mai.gov.pt), via SMS (escreva a seguinte mensagem: RE nº de Identificação civil sem check.digito data de nascimento AAAAMMDD exemplo: RE 1444880 19531007 e marque 3838). Também a Comissão Recenseadora (C.R.) que funciona na Junta de Freguesia da área da sua residência pode facultar-lhe o seu número de eleitor.

Para mais informações sobre Recenseamento Eleitoral, dirige-se à sua Junta de Freguesia.

UMA VIDA ATRÁS DO BALCÃO

Na freguesia do Souto devem ser poucos os que não conhecem o Café Pinhal, junto à EN109, no lugar de Várzeas. Café e mini-mercado no mesmo local, muitos são os anos passados ao balcão, muitos são os que por ali passam, muitas são as histórias que se ali vivem. Os mais novos não se lembram das antigas tascas e tabernas, já não são desse tempo. Mas, ali, temos um estabelecimento que já foi uma taberna, em tempos, mas que o decorrer dos anos obrigou a mudar as suas características tão típicas.
Nesta edição, o NOTÍCIAS DA FREGUESIA foi falar com Eduardo Pinhal, proprietário do estabelecimento. Natural da Ortigosa, há 57 anos que veio parar às Várzeas e, antes de ir ter às suas mãos, já existia este espaço comercial. “Isto era uma taberna e uma mercearia do meu tio”, relembrou Eduardo. “O meu tio foi para o Brasil e, aquele que viria a ser um dia meu sogro, comprou isto”, conta. Mais tarde, em 1964, quando regressou da guerra do Ultramar, Eduardo casou com a “filha do patrão”. Cerca de quatro anos mais tarde, Eduardo adquiriu todo o estabelecimento – taberna e mercearia. Esta é, sem margem para dúvidas, um dos estabelecimentos mais antigos do género – senão o mais antigo – na freguesia.
Relativamente ao surgir das grandes superfícies comerciais, Eduardo afirma que os hipermercados vieram retirar muita da sua clientela. Mas, refere, “lá tem de se pagar na hora e aqui, há muitos que ainda podem ficar a dever”. Contudo, existe sempre o cliente fiel, “há os mais antigos que toda a vida vieram cá”, conta.
Desde que tem o estabelecimento em suas mãos, já fez algumas obras, nomeadamente a construção casa onde habita, junto ao estabelecimento, e amplificação do café. Mas, já lá vão alguns anos. Agora gostaria de fazer novas obras de ampliação e renovação. Contudo “temos todas as aprovações, luz verde em tudo para avançar, à excepção da Estradas de Portugal”, lamenta.
Estar ao balcão foi sempre a sua profissão. “Fiz isto quase 60 anos e nunca tive um dia de férias!”. A palavra “férias” só começou a fazer parte da sua vida quando, há três anos, apanhou um susto com um AVC. “Fui sempre eu e a minha mulher e não estou arrependido!”, afirma, orgulhoso do seu percurso de vida.
Agora, Eduardo Pinhal aos 68 anos e a sua esposa, Maria da Luz Santos, com 66, contam com a ajuda dos filhos, Samuel e Cristina e da nora, Anabela, no atendimento no café e no mini-mercado.
Mas, apesar de tantos anos de porta aberta, não significa que a crise não os afecte. O filho, Samuel, disse ao NOTÍCIAS DA FREGUESIA que a crise “também nos está a chegar”.
Neste tipo de estabelecimentos, mais familiar, encontramos um atendimento que não é comum nas grandes superfícies. “Às vezes, já estamos de porta fechada, tocam à campainha e nós ainda desenrascamos a pessoa”, conta Eduardo.
Durante esta conversa, Eduardo contou também alguns episódios caricatos que viveu ali no seu estabelecimento. “Uma vez, chegou aqui um tipo de mota e pede-me uma imperial e um maço de tabaco, e eu servi-o. Depois perguntou-me se eu lhe fazia uma sandes de chouriço e eu disse que sim. Fui fazê-la. Quando voltei, com a sandes na mão… bem, fiquei com ela na mão… porque já não estava ninguém no café!”, conta Eduardo, rindo-se, agora, do episódio.
Diariamente, são ainda muitos os que por ali passam e muitos outros os que já passaram pelo café e mini-mercado. O “Pinhal” é um verdadeiro exemplo de que a união familiar pode ser a chave para este estabelecimento perdurar.


PARA UMA NOVA PRIMAVERA ESPIRITUAL

1. Peregrinação interior às fontes da fé
Estamos prestes a entrar na “Grande e Santa Quaresma”, segundo a bela expressão dos nossos irmãos cristãos ortodoxos. Durante quarenta dias, todos os cristãos são convidados a fazerem uma revisão de vida e a reavivarem o dom da fé, recebido no baptismo, para celebrarem a Páscoa da Ressurreição com um coração novo. Quem não sente a necessidade dum tempo forte de mais recolhimento para pôr a vida em ordem?
Neste ano jubilar dedicado a S. Paulo, a Quaresma é, de modo especial, o tempo privilegiado para ir beber à fonte, ao coração do mistério da fé com a ajuda do Apóstolo. Queremos pois que a nossa Quaresma seja uma etapa da peregrinação do coração, com S. Paulo, até Jesus Cristo: uma peregrinação interior às raízes da fé, ao encontro pessoal com Cristo vivo.

2. Retiro espiritual com S. Paulo
Neste sentido proponho à diocese um “retiro popular”, acessível a todo o povo de Deus, com o tema “Permanecer no coração da fé com S. Paulo”, em ordem a um aprofundamento da fé e a uma revitalização da vida espiritual.
Como no ano passado, convido os cristãos a reunirem-se em pequenos grupos informais, uma vez por semana, durante uma hora, a fim de meditarem alguns belos textos de S. Paulo, segundo o método da leitura orante da Palavra de Deus (a lectio divina) e partilharem a fé. Para este efeito já foi distribuído pelas paróquias um guião como subsídio para o retiro. Peço aos párocos o melhor empenho na organização deste grande retiro do Povo de Deus.
Na escuta e meditação da Palavra, cada um aprenderá a ler o seu coração e a sua vida com o olhar benévolo, misericordioso, amigo e cordial de Deus e a abrir-se à Sua graça e à Sua novidade. E, certamente, descobrirá surpresas de Deus!
“O coração humano – o teu, o meu, o de todos – é mais rico de quanto possa parecer; é mais sensível de quanto se possa imaginar; é gerador de energias inesperadas; é uma mina de potencialidades muitas vezes pouco conhecidas ou até sufocadas pela frustrante convicção de que “ como assim, é impossível mudar alguma coisa” ou então “eu já não consigo”. Experimenta interrogar-te sobre as verdades que estão no mais profundo de ti. É um direito teu interrogares-te para te conheceres nas tuas luzes e sombras, para saberes donde vens, para onde estás a caminhar, que sentido tem a tua vida.
E no silêncio de algum momento sente-te querido por Deus e procura conhecer Jesus. Quando O conheceres, senti-lo-às próximo, amigo, vivo. E quando fizeres a experiência de suscitar um sorriso ou acender uma esperança na vida dos outros, dar-te-às conta de que também na tua vida haverá mais luz, mais sentido, mais alegria”(Cardeal Martini).

Tenho a certeza de que o retiro popular, vivido nesta perspectiva, despertará uma nova primavera espiritual, uma primavera da fé nas nossas comunidades cristãs.

3. O perfume do jejum e da partilha
Esta perspectiva ajuda-nos ainda a descobrir o sentido da antiga e sempre actual praxis do jejum e da partilha quaresmais.
“Quando jejuares, perfuma a tua cabeça”, diz o Evangelho. Que perfume querem os cristãos espalhar nesta quaresma de 2009? Na Mensagem para a Quaresma, o Santo Padre Bento XVI convida a “valorizar o significado autêntico e perene desta antiga prática penitencial do jejum que pode ajudar-nos a mortificar o nosso egoísmo e a abrir o nosso coração ao amor de Deus e do próximo”.
Neste sentido, o jejum –nas várias formas expressivas da sobriedade de vida e de consumo – torna-se oração e comunhão. Reaviva o amor. Abre no coração a fonte da partilha. Não faz barulho, mas dá frutos de justiça e de caridade.
Neste ano marcado pela crise sócio-económica, cujas primeiras vítimas são os mais pobres, o fruto da habitual renúncia quaresmal na nossa diocese será destinado a duas instituições: ao Centro de Acolhimento da Paróquia da Sé de Leiria que serve alimentação e outros apoios às pessoas sem abrigo que passam pela cidade ou nela vivem e à Comunidade Vida e Paz ao serviço dos sem abrigo e da recuperação dos toxicodependentes.
A todos os diocesanos desejo uma “grande e santa Quaresma”!

† António Marto, Bispo de Leiria-Fátima

CUMPLICIDADE DOURADA

Nesta edição o NOTÍCIAS DA FREGUESIA decidiu dar destaque ao amor. Como esta edição é referente ao mês do amor e da paixão, Fevereiro, e como se trata da edição 50 do jornal, nada melhor do que falar com casais que, há mais de meio século partilham momentos de cumplicidade.
Joaquim Coelho e Belmira Santos, do Picoto, comemoraram, no dia 7 de Janeiro, as suas Bodas de Ouro. Para assinalar a data do seu casamento, este casal renovou os votos no dia 10 de Janeiro, revivendo o dia em que uniram as suas vidas em 1959. “Foi um dia mais feliz do que o próprio dia do casamento”, disse Joaquim Coelho, relembrando os quilómetros que teve de fazer nesse dia a pé e, no fim, a sua festa de casamento foi separada da sua esposa.
Como forma de celebrar a data, o casal renovou os votos na igreja do Souto, seguindo-se a festa no restaurante “Pinhal da Quinta”, rodeados por cerca de 95 pessoas, entre amigos e familiares. “Estiveram mais presentes agora do que no dia do casamento, que foram só uns vinte”, recorda Joaquim.
Mas, afinal, como se “aguentam” 50 anos de cumplicidade? Belmira foi pronta a responder, “o meu marido foi sempre muito boa pessoa. É certo há sempre altos e baixos, mas ainda nos aturamos um ao outro”. Foram pais de cinco filhos e já contam com oito netos e, com uma família constituída, Belmira diz que se comemora uma data como estas “como mais sentido”.
Quem também festejou as bodas de ouro foi Joaquim Mendes Júnior e Maria Augusta Santos, residentes em Moita da Roda.
Joaquim, toda a vida foi resineiro e Augusta, dona de casa. Com quatro filhos e sete netos - com o oitavo a caminho – este casal refere-se ao seu casamento com um brilho nos olhos, como se se tratasse dos primeiros tempos de namoro. “Graças a Deus, temos vivido sempre muito felizes”, refere Augusta. No dia 7 de Fevereiro, o casal reviveu um dia em que deram o nó. “Revivemos o nosso casamento outra vez”, disse Joaquim. Renovaram os votos na capela da Moita da Roda, e de seguida a festa continuou num restaurante em Carvide e na companhia de cerca de 35 familiares. “Não pudemos convidar todos os que queríamos, se assim fosse, seríamos 140 pessoas”, desabafou Augusta.
“O meu filho que está na Alemanha colocou uma faixa na rua, na parede, e enfeitou a casa com balões”, contou Joaquim, sorrindo ao relatar o sucedido.
Quanto ao segredo da longevidade na relação, Augusta disse que a receita é muito simples, “é preciso haver muito Amor e sabermo-nos corrigir um ao outro”.

QUANDO O AMOR NÃO ESCOLHE IDADE

Quando se conheceram, ele estava viúvo e tinha 55 anos. Ela, solteira, tinha 45. Estavam no Verão de 1992 quando se cruzaram pela primeira vez.
Falamos de Preciosa João e Manuel Guerra Santos, residentes no Souto da Carpalhosa, um casal que, celebrou o matrimónio em 1993. Talvez para a maioria, casar nesta idade já seja “tarde”. Mas, Preciosa e Manuel são a prova de que os sentimentos não têm prazo de validade.
Manuel contou-nos como conheceu Preciosa. Tinha enviuvado ainda não há muito tempo, quando começou a meter-se com “todas as mulheres que andassem vestidas de preto”, numa forma de estabelecer conversa. Curiosamente, foi assim que conheceu aquela que viria a ser a sua esposa. Preciosa andava vestida de preto, pela alma de sua mãe, e um dia, no regresso do trabalho, Manuel parou ao lado dela e, fazendo-se de perdido, pede-lhe algumas indicações. E foi aqui que se estabeleceu o primeiro de muitos contactos. “Dias mais tarde fomos jantar fora, mas estávamos tão nervosos que nenhum dos dois jantou”, conta Manuel, entre risos.
Depois de um ano de namoro, Preciosa e Manuel decidiram dar o passo mais sério e casar. “Quando fomos tratar dos papéis para casar, a senhora que lá estava olhava muito séria para nós”, disse Manuel, referindo-se à estranheza que os outros podiam achar por estarem a contrair matrimónio.
Hoje, 15 anos depois de darem o nó, estão os dois reformados, mas não é por isso que têm menos trabalho. Há sempre coisas para fazer.
“Nós somos a prova de que o amor não tem idade”, afirma Manuel. Preciosa partilha da mesma ideia do marido e afirma que “vai-se sempre a tempo para namorar”.
Idades diferentes, experiências de vida diferentes, mas um sentimento em comum.


CASA PAROQUIAL JÁ ESTÁ DE PÉ

Quem passa junto à Igreja do Souto já consegue ver a nova casa paroquial. É certo que ainda está numa fase embrionária, mas já deixa adivinhar como será a sua estrutura.
As obras, que arrancaram em Outubro passado, vão decorrendo diariamente. Contudo, não é possível adiantar a data prevista para conclusão. O que podemos adiantar é que, esta nova casa paroquial, será constituída por três quartos, quatro casas de banho, uma cozinha, uma sala de estudo, uma sala comum, uma lavandaria, e uma zona exclusiva para o cartório.
Para já, deixamos-lhe algumas imagens da obra, bem como da planta da casa paroquial.

ALMOÇO NO DOMINGO GORDO

No passado dia 22 de Fevereiro, domingo gordo, decorreu no Vale da Pedra mais um almoço-convívio. À semelhança de anos anteriores, a nova comissão da capela organizou um almoço de Carnaval com a finalidade de angariar fundos para a capela. Neste encontro estiveram cerca de 380 pessoas, um número que reflecte bem o sucesso deste almoço.


SANTA BÁRBARA COM A BOLA NOS PÉS...

INFANTIS

Vitória Folgada (Santa Bárbara 7, Alcanadas 0)
Um jogo com uma vitória folgada, óptimo para moralizar os atletas, na véspera de um jogo difícil.
Foi um jogo de sentido único em que a equipa da casa demonstrou ser superior, apesar de falhar várias oportunidades. Ao intervalo já vencia por 2-0. Na segunda parte, a tendência manteve-se e os golos surgiram com naturalidade até ao resultado final.
De realçar que, da parte do adversário, as ameaças ficaram-se por uma bola foi ao poste na primeira parte e uma defesa da guarda-redes da casa já na parte final do encontro. O jogo decorreu no dia 1 de Fevereiro no polidesportivo da A.C.D. Santa Bárbara.
Jogaram - Sara, Mica, Rafael, Luís, Mafalda e Diogo
Marcaram – Mica (1), Rafael (2), Luís (2), Diogo (2)

Resultado injusto nos Barreiros (Barreiros 10, Santa Bárbara 1)
No passado dia 15 de Fevereiro, fomos até aos Barreiros para mais um jogo. Num jogo à partida desequilibrado, tanto pela qualidade como pela quantidade do plantel, a Santa Bárbara tentou equilibrar o jogo dentro do campo, apesar de sofrer um golo nos minutos iniciais, talvez devido a algum nervosismo dos jogadores forasteiros. Apesar da contrariedade, a Santa Bárbara manteve-se uma equipa unida e solidária em campo, e dispôs de três boas oportunidades para fazer o golo, mas foram os da casa a consegui-lo num contra ataque rápido.
No início da segunda parte os Barreiros entraram melhor, com muitas movimentações ofensivas, marcando assim três golos nos primeiros cinco minutos. Com o avolumar do marcador, os jogadores da Santa Barbara deixaram de acreditar num bom resultado e isso traduziu-se na goleada final.
Apesar do score final desnivelado, é de realçar a forma como a Santa Barbara se debateu, principalmente na primeira parte.
Jogaram - Sara, Luís, Micael, Mafalda, Rafael e Diogo
Marcador - Rafael

ESCOLAS DE FUTSAL

Vitória da melhor equipa (Amarense 6, Santa Bárbara 0)
Em Casal do Marra, no dia 1 de Fevereiro, decorreu um excelente jogo de futsal, com as duas equipas com várias oportunidades de golo. O resultado acabou por ser penalizador para a equipa, pois os números talvez tenham sido um bocadinho exagerados. Mas, a equipa do Casal do Marra foi mais forte e esteve mais acertada na finalização. De salientar a excelente exibição do guarda-redes André, que esteve num nível muito elevado, com várias defesas de alto grau de dificuldade.
Equipa Inicial: André, Daniel, Artur, Miguel e Gonçalo.
Jogaram ainda João, Leandro e Eduardo.

Empate com sabor a pouco (Santa Bárbara 2, Segodim 2)
Finalmente um domingo de sol, óptimo para a prática desportiva. O jogo começou praticamente com o resultado em 0-1 devido ao golo madrugador da equipa adversária. Com o decorrer do jogo, a equipa da casa procurou o desejado empate que viria a surgir por Leandro, num lance de insistência junto da baliza adversária. Após o tento da igualdade, surgiram várias oportunidades de golo para ambas as equipas em lances de contra ataque, tornando o jogo bastante interessante para o público. Na fase de maior ascendente da equipa da casa, o Segodim obteve o segundo golo em lance de ataque rápido. Apesar de se encontrar em desvantagem, a equipa da Santa Bárbara não baixou os braços e após algumas oportunidades marcou o golo de empate, novamente através de Leandro que tinha acabado de entrar. O jogo prometia muito mais mas, infelizmente, o tempo acabou e o árbitro deu por terminado o encontro. A partida decorreu em Chã da Laranjeira no dia 15 de Fevereiro.
Santa Bárbara: André, Artur, Daniel, Miguel Ângelo e Leandro (2).
Jogaram ainda: Gonçalo, João e Eduardo.

ACÇÕES DE ESCLARECIMENTO E SENSIBILIZAÇÃO

No dia 12 de Fevereiro decorreu, na escola de 1º ciclo de Souto da Carpalhosa, uma sessão de esclarecimento para pais e encarregados de educação sobre o tema “A relação pais/filhos”, dinamizada pelo Dr. Adelino Antunes. Esperamos que os presentes tenham gostado, pois consideramos que foi muito oportuna e enriquecedora. Agradecemos a presença de todos.
No dia seguinte, 13 de Fevereiro, recebemos na nossa escola a nutricionista Sónia Rodrigues, do Centro de Saúde Dr. Gorjão Henriques, que nos veio falar acerca da alimentação saudável. Os alunos foram sensibilizados para a necessidade de praticar uma alimentação correcta. Concluíram que é importante escolher alimentos de todos os sectores da roda dos alimentos, fazer refeições variadas, evitar alguns alimentos e respeitar regras de higiene alimentar.

As professoras

COLÉGIO DR. LUÍS PEREIRA DA COSTA REPRESENTA LEIRIA

O Colégio Dr. Luís Pereira da Costa, Monte Redondo, foi a escola seleccionada para representar o município de Leiria na 1.ª Bienal de Arte Jovem.
Integrado no projecto de Sensibilização Ambiental RESID’ART, a 1.ª Bienal tem como âmbito de actuação a temática dos resíduos sólidos urbanos associada à exploração do património natural. Resulta de uma parceria entre a Direcção Regional do Instituto Português da Juventude do Centro, o Governo Civil de Castelo Branco, o Governo Civil de Leiria, os Municípios da Região Centro e a Associação de Formação Ambiental e Florestal.
No passado dia 13 de Fevereiro realizou-se, no Colégio Dr. Luís Pereira da Costa, uma acção de formação junto da turma participante, subordinada ao tema “Se o Planeta quero ajudar os resíduos terei que separar”, desenvolvida pela Associação de Formação Ambiental e Florestal.
Os alunos encontram-se já a trabalhar no seu projecto, tendo seleccionado o esquilo vermelho para a execução da sua escultura.
Este projecto pedagógico destina-se a alunos dos 10 aos 12 anos, e restringe-se a uma turma por município, culminando com uma mostra ambiental das esculturas construídas, no dia 5 de Junho, em Castelo Branco.

TRABALHOS DA JUNTA

Durante o mês de Fevereiro, foram vários os trabalhos realizados pela junta ao longo de toda a freguesia. Desses mesmos trabalhos conta-se o espalhamento de “tout-venant” no armazém da junta (em construção), limpeza de sarjetas no lugar do Souto, melhoramento de Caminho das Picotas, limpeza de ruas na Carpalhosa, poda de árvores junto à EN109, em Várzeas e também nos lugares de São Miguel e Vale da Pedra, mudança de palmeiras na Charneca do Nicho, melhoramento de caminho com “tout-venant” no lugar da Marinha, espalhamento de “tout-venant” pelos lugares de Salgueiro, Moita da Roda, Assenha, Arroteia, São Miguel e Souto. Também no decorrer deste mês foi colocada massa asfáltica em alguns buracos nos lugares de Souto, Picoto e Casal Telheiro. Foi ainda construído um triângulo rodoviário, no lugar de São Miguel e, em volta do armazém da Junta de Freguesia, procedeu-se à movimentação de terras.

ARMAZÉM DA JUNTA JÁ SE VÊ

No lugar do Souto, mais precisamente na Rua dos Pereiras, já é visível o armazém da Junta de Freguesia. O armazém, construído no terreno do poço da fonte, surge da necessidade de ter um local seguro para guardar os materiais e equipamentos da Junta de Freguesia.
Com uma área de 500 metros quadrados, existe o propósito, segundo o executivo da junta, em deixar a primeira fase cumprida até ao final de Março.
Neste momento, e para quem ali passar, já é visível toda a estrutura desta mesma obra.

IDOSOS EM SEGURANÇA

Quem já ouviu falar da falta de segurança sénior? E de falta de segurança infantil? Actualmente, são cada vez mais os “contos do vigário” que enganam e roubam idosos. Os incêndios em casa de pessoas com mais idade resultam sempre de uma pequena distracção ou descuido e, infelizmente, duplicam de dia para dia.
É por isso que hoje, mais do que um artigo de opinião, quero que este artigo se transforme num alerta de sensibilização, quer para as pessoas com mais idade como para as pessoas de menos idade. Enfim, apelo a todos nós! Afinal a segurança é responsabilidade de todos. E também sua!

Deixo por isso aqui alguns conselhos de segurança, nomeadamente de forma a evitar todos os amigos do alheio:

Na rua
- Transporte consigo apenas o dinheiro necessário.
- Evite o uso de forma visível de: de objectos de valor, de carteiras na mão ou até num bolso mais “acessível”.
- Evite circular sozinho na rua, principalmente de noite.
- Procure não dar informações sobre a sua vida a pessoas estranhas.
- Transporte as malas e sacos do lado oposto à faixa de rodagem.
- Circule sempre pelo lado interior dos passeios.
- Mantenha, nos transportes públicos, a carteira e outros bens junto de si.
- Não se deixe convencer e informe a polícia, se for abordado com uma conversa do tipo “conto do vigário”, propondo a troca de escudos por euros ou algo semelhante.

Em Casa
- Deixe as portas e janelas fechadas sempre que sair.
- Coloque um óculo e uma corrente de segurança na sua porta.
- Não deixe entrar pessoas suspeitas ou desconhecidas, sem ter a certeza de quem são.
- Tenha sempre à mão os números de telefone para poder comunicar com alguém, principalmente com a polícia.
- Informe a polícia da sua zona, quando se ausentar de sua casa, por vários dias.

No entanto, em casa podem ocorrer outros riscos, como por exemplo acidentes domésticos ou até incêndios. Por isso:
Elimine os obstáculos do chão, por exemplo: fios eléctricos, plantas, tapetes altos ou soltos.

Porque a sua segurança também depende de Si!
Esteja atenta a estes conselhos.
Seja feliz! Faça alguém feliz!

Gastão Crespo

COMO BRINCAVAM AS CRIANÇAS (PARTE I)

Não tenho a faculdade dos talentosos contadores, nem disponho das qualidades necessárias a essa prática, mas como gosto de escrever, quis, modestamente, historiar mais um facto do meu conhecimento, que parece ficção mas não é, nem crónica extraída de revista, não faria sentido, nem teria o mesmo valor!
Não deixo de sublinhar que as histórias, sendo bem contadas, sensibilizam vantajosamente quem as lê, despertam mais curiosidade mesmo sendo simples. Não importa o conteúdo, o que interessa é a maneira como se apresenta.
Dom que me desfalca quando escrevo. Por mais verdades que atire ao papel, não conseguem persuadir, não possuem a força necessária para o intercurso pretendido, sobretudo junto dos monstros contemporâneos!
Assim, e refugiando-me do frio que lá fora se faz sentir, passo o meu tempo sentado face ao meu bloco de manuscritos e, à minha maneira, conto uma história verdadeira daquelas que vivem as crianças na idade primo-escolar, sem emoções fortes, antes pelo contrário, exprimem simplicidade e ao alcance de qualquer leitor, mesmo os mais novos, à condição de não imitarem nunca o desfecho das narrativas que vou contar…
Nos meados do século XX, vivia no Souto da Carpalhosa um garoto que sonhava maravilhas durante as noites escuras dos longos e aborrecidos Invernos quando dormia embrulhado num velho e espesso cobertor e ainda uma manta de retalhos por cima, deitado sobre uma esteira de palha a servir de colchão. O quarto onde “chonava” nos primeiros anos da sua infância era escuro, com uma minúscula janela sem vidros. Fechava-a ou abria uma portinhola de madeira, mal passava a claridade que lhe permitisse ver para se vestir desde que ganhou essa autonomia, calçar-se não era hábito, não tinha com que, por conseguinte, andava sempre descalço!
Quando chegou à idade de frequentar a escola, sua mãe ordenou que mudasse para um quarto com mais luz onde podia fazer os deveres escolares. Dois anos passaram, e, como qualquer garoto na sua idade gostava de brincadeira, mas não era fácil encontrar um consórcio fora dos recreios na escola! Em casa, depois dos deveres escolares devidamente cuidados, surgiram as tarefas de obrigação familiar: enquanto diz fizesse, deveria ir à fonte buscar uma bilha de água para o consumo habitual e depois juntar umas ervas para dar aos coelhos, brincaria, então, se o tempo sobejasse.
A tentação era grande quando ouvia os catraios da sua idade nas proximidades, mas lhe era permitido sair das imediações, limitava-se a brincar só!
No pátio da casa onde vivia com os pais e os irmãos, que eram já adultos, havia uma velha oliveira, já poucas azeitonas dava, mas as que produzia eram grossas e de excelente qualidade para comer, razão porque a mantinham bem estimada apesar dos anos que tinha.
Atraído pela forma que suas braças ostentavam, o nosso miúdo lembrou-se de arranjar sobre elas um disparatado divertimento: com o auxílio de algumas tábuas velhas que encontrara no palheiro existente por detrás da eira, onde habitualmente secavam os cereais, também guardavam aí as batatas e as maçãs estendidas pelo chão, bem entendido não era um local de movimentos constantes, mas quis o atrevimento infantil do pequeno encontrar aí o que imaginou para a construção de um campanário, a realizar sobre o tronco e braças da velha oliveira.
A imaginação era forte, deveria ser concluída o quanto antes. Não impedia os deveres relacionados à escolaridade, mas reconhecendo as reacções dos familiares, o puto anteparava-se de precauções. Calculou todas as peças necessárias à construção da presumível plataforma, a qual instalou servindo-se, igualmente, de alguns pregos encontrados nas reservas utensiliares de seu pai! Seguidamente, imaginou um sino e como deveria instalá-lo. Como não encontrava objecto similar, inventou. Uma roda de madeira colocada horizontalmente na ponta de um pedaço de cana e uma travessa em forma de cruz, duas pequenas diagonais que sustinham verticalmente o mesmo engenho, colocou-o entre duas braças de oliveira em forma de “V” de modo a poder balançar como balançava o sino da igreja que da sua casa podia ver, ouvir e admirar. Concluídas as instalações, faltava agora movimentá-las. Como? Aí vai disto!

(Continua na próxima edição).

Albino de Jesus Silva

O SOBREIRO

Ao aproximarmo-nos do centro do Souto da Carpalhosa surgem-nos os dois mais importantes elementos do nosso património cultural, isto é, as principais marcas que nos chegaram dos nossos antepassados. É bom lembrar que não é por acaso que a palavra “património” vem da palavra “pais”.
Refiro-me, evidentemente, à Igreja e ao belo sobreiro existente no início da escadaria que lhe dá acesso. São dois bons exemplos de preservação do que chegou, depois de vários séculos, aos nossos dias. E, é bom lembrar, um povo sem memória e referências só muito dificilmente poderá sobreviver. Esse, aliás, é um dos maiores combates que se colocam aos professores e alunos das nossas escolas, sem esquecer a indispensável colaboração dos agentes culturais.
Fiquei agradavelmente surpreendido com as obras de melhoramento da área envolvente da Igreja, recuperando um espaço nobre desde há alguns anos ocupado por construções de gosto mais que duvidoso. Os responsáveis pelo trabalho agora realizado estão, naturalmente, de parabéns. Ele fez sobressair a sóbria beleza da Igreja, a que dedicaremos uma das próximas crónicas, e as linhas harmoniosas da bela árvore que só uma natureza generosa pode desenhar.
Encontramo-nos, pois, perante os dois mais importantes símbolos do Souto. Ambos tão diferentes e sedutores, dignos merecedores das honras populares. A Igreja, como figura tutelar da comunidade, atravessa o tempo e as gerações que nele se sucedem e a ela se acolhem. O sobreiro, por sua vez, simboliza o respeito e a ligação dos homens com a natureza.
A unir os dois monumentos, chamemos-lhes assim, está o espaço sagrado em que se integram. E, mais importante que tudo isso, sempre nos lembramos deles nos seus lugares, companheiros mudos, mas presentes.


Orlando Cardoso
(
orlandocardososter@gmail.com)

HABITANTE DAS VÁRZEAS COMPLETA 98 ANOS

Manuel Gaspar Miúdo, residente em Várzeas, casado com Argentina Pereira Rodrigues, completou no passado dia 24 de Fevereiro 98 anos. Apesar da avançada idade, Manuel ainda se encontra totalmente consciente e é muito raro vê-lo sem um sorriso nos lábios. Mesmo com esta idade, as pernas ainda lhe permitem caminhar até à pastelaria, onde vai frequentemente comer um bolinho e beber o seu galão.
O NOTÍCIAS DA FREGUESIA deixa aqui os votos de muitas felicidades.

PRIMÁRIA DO SOUTO DESFILA NAS RUAS DO LUGAR

A escola E.B.1 de Souto da Carpalhosa fez o seu desfile de Carnaval pelas ruas do lugar no passado dia 20 de Fevereiro. Mil e uma cores, pinturas, muitos sorrisos, confetis e serpentinas, princesas, piratas, palhaços… as ruas do Souto encheram-se de vida durante o pequeno desfile. Deixamos aqui alguns momentos a recordar.

SANTA BÁRBARA ESPALHA CHARME

Era a única equipa mista no meio de outras 12. Uma menina loira, a Rafaela, e uma morena, a Inês, eram as únicas meninas a competir no 3.º Encontro de Futebol de Rua promovido pela Associação de Futebol de Leiria.
O encontro decorreu em Leiria, no passado dia 28 de Fevereiro e reuniu muitas crianças em prol de uma modalidade desportiva: o futebol. Às crianças de 5 e 6 anos, os protagonistas dos campos e balizas improvisados, não se podia exigir profissionalismo, apenas respeito pelo adversário e divertimento. Assim foi.
Numa manhã em que o sol esteve um pouco envergonhado, o largo do Papa Paulo VI encheu-se de crianças e insufláveis para o divertimento dos mais novos.
O NOTÍCIAS DA FREGUESIA esteve a assistir aos jogos com que se defrontou a equipa da freguesia do Souto da Carpalhosa, a A.C.D. Santa Bárbara. Beneditense, Unidos e Marrazes, foram as três equipas a encarar. Segundo Raul Caetano, estes jogos servem para as crianças terem um primeiro contacto com o futebol. “São crianças que não conhecem minimamente as regras de jogo e isto é uma forma de lhes dar a conhecer”, refere.
Rafaela, de cinco anos, disse ao jornal que gosta muito de jogar à bola e que não gosta de bonecas. “Dou-me bem com todos os meninos e não tenho medo de jogar à bola com rapazes, porque a minha irmã também joga só com meninos”, disse.
No final de cada jogo, e na hora dos cumprimentos finais, as meninas da Santa Bárbara eram as primeiras a serem cumprimentadas – e de forma bem concorrida – pelos seus adversários. A equipa pode não ter ganho em golos, mas em charme, foi a vencedora.