O SOBREIRO

Ao aproximarmo-nos do centro do Souto da Carpalhosa surgem-nos os dois mais importantes elementos do nosso património cultural, isto é, as principais marcas que nos chegaram dos nossos antepassados. É bom lembrar que não é por acaso que a palavra “património” vem da palavra “pais”.
Refiro-me, evidentemente, à Igreja e ao belo sobreiro existente no início da escadaria que lhe dá acesso. São dois bons exemplos de preservação do que chegou, depois de vários séculos, aos nossos dias. E, é bom lembrar, um povo sem memória e referências só muito dificilmente poderá sobreviver. Esse, aliás, é um dos maiores combates que se colocam aos professores e alunos das nossas escolas, sem esquecer a indispensável colaboração dos agentes culturais.
Fiquei agradavelmente surpreendido com as obras de melhoramento da área envolvente da Igreja, recuperando um espaço nobre desde há alguns anos ocupado por construções de gosto mais que duvidoso. Os responsáveis pelo trabalho agora realizado estão, naturalmente, de parabéns. Ele fez sobressair a sóbria beleza da Igreja, a que dedicaremos uma das próximas crónicas, e as linhas harmoniosas da bela árvore que só uma natureza generosa pode desenhar.
Encontramo-nos, pois, perante os dois mais importantes símbolos do Souto. Ambos tão diferentes e sedutores, dignos merecedores das honras populares. A Igreja, como figura tutelar da comunidade, atravessa o tempo e as gerações que nele se sucedem e a ela se acolhem. O sobreiro, por sua vez, simboliza o respeito e a ligação dos homens com a natureza.
A unir os dois monumentos, chamemos-lhes assim, está o espaço sagrado em que se integram. E, mais importante que tudo isso, sempre nos lembramos deles nos seus lugares, companheiros mudos, mas presentes.


Orlando Cardoso
(
orlandocardososter@gmail.com)

0 comentários: