MISSÃO: SERVIR A FREGUESIA

Depois de três meses com nova direcção, o NOTÍCIAS DA FREGUESIA foi conhecer um pouco o Centro Social e Cultural da Paróquia de Souto da Carpalhosa. Falamos com José Baptista, pároco da freguesia e presidente do Centro Social e com Joaquim Guarda, director de serviços, para conhecer um pouco mais a instituição de solidariedade social. Qual o seu papel na comunidade, quem faz parte dele, quais as suas necessidades, que projectos futuros…
O Centro Social e Cultural da Paróquia de Souto da Carpalhosa existe enquanto instituição de cariz social, tal qual a própria designação o indica, regendo-se pela doutrina social da Igreja. Tal como Joaquim Guarda afirma, o papel do centro “é apoiar as pessoas e a família dentro daquilo que mais precisem”. À semelhança do director de serviços, também o pároco se refere ao papel e à importância da instituição social, uma vez que busca “criar condições para que as crianças e os idosos se sintam acolhidos. Os pais possam ir trabalhar e viver cada dia confiando que os seus filhos e os idosos estão ‘em boas mãos’ e a ser cuidados como pessoas humanas que são”, afirma. Para além destas funções, existem ainda inúmeros apoios que vão surgindo à medida das necessidades e das solicitações provenientes da comunidade, como é exemplo o Programa Comunitário de Apoio Alimentar a Carenciados ou o Complemento Solidário para Idosos.
“É importante que as pessoas saibam que um Centro Social existe para servir as pessoas”, afirma Joaquim Guarda, destacando o papel do Centro Social na comunidade. “O Centro é e será aquilo que as pessoas quiserem que seja”, disse.
Ao longo do ano o Centro Social vai dinamizando várias actividades e iniciativas. “Procura-se que, tanto as crianças como os idosos tenham as actividades possíveis dentro do tempo e das condições que temos”, afirma o presidente. Por altura do Natal, uma quadra tão especial e tão “chamativa” da solidariedade, também são realizadas várias actividades, nomeadamente a habitual festa da creche e jardim, como do lar. No Natal passado, as principais “vedetas” na festa do lar foram “os netos que tiveram a coragem de fazer algumas coisas para os avós, utentes do lar”, conta-nos o pároco.
Quanto ao futuro do Centro Social, o pároco avançou que é intenção remodelar completamente a parte mais antiga do lar, de forma a criar melhores condições no acolhimento e tratamento dos utentes do lar e do Centro de Dia. Outro projecto a avançar, centra-se na realização de um inquérito à população para conhecer as reais condições e necessidades da população.
Ainda sobre o papel do Centro Social no seio da comunidade, e mais especificamente no que respeita ao lar, Joaquim lembra que “em momento algum, o Centro Social substitui o papel da família e os laços familiares”, pois o Centro deve ser visto como um apoio e não uma ‘substituição’. “É importante que as pessoas se lembrem que, por uma pessoa estar num lar, não está esquecida!”, afirma.
Sobre necessidades do Centro Social, o padre José Baptista disse que este “tem as dificuldades que tem qualquer instituição”. “Deveria haver mais dinheiro, para os utentes pagarem menos e poderem manter-se outras valências e prestar-se outros serviços”, disse. Contudo, para o pároco, o Centro Social tem o essencial pois “só actua consoante as suas possibilidades”. Também sobre as carências da instituição, Joaquim Guarda refere que cada vez há mais solicitações junto do Centro Social, algo que se agrava com uma população cada vez mais envelhecida na freguesia. “Há uma necessidade, cada vez maior, de mais respostas”, refere. O director de serviços afirma que, por tudo isto, “há sempre trabalho a fazer e há sempre coisas que são precisas”.
Para um ano que ainda agora está a “arrancar”, José Baptista afirmou que gostaria de ver o projecto de remodelação do lar concluído e que este novo ano trouxesse uma maior interactividade entre o Centro Social e os paroquianos. Contudo, para este, “o ideal seria que o Centro Social não fosse necessário, era sinal de que havia condições de vida ideais”. Por sua vez, Joaquim desabafava que gostaria que “no mínimo 2009 não seja tão difícil como 2008, sobretudo para as famílias” e deixou igualmente o repto para que haja maior união e associativismo entre todos na freguesia. “O Centro Social sozinho não é nada”, finaliza Joaquim Guarda.

Membros da direcção do Centro Social e Cultural da Paróquia de Souto da Carpalhosa
Presidente: Pe. José Baptista
Vice: Francisco Francisco (Conqueiros)
Secretário: José Duarte (Vale da Pedra)
Tesoureiro: Cristina Pereira (Souto)
Vogais: Eulália Duarte (Várzeas) e Rogério Santos (Carreira).

A VOZ DOS UTENTES...
Para conhecer um pouco mais o Centro Social, e o seu papel activo na comunidade, o NOTÍCIAS DA FREGUESIA foi falar um pouco com alguns idosos do Lar do Souto. Se o tema para a conversa era a tão ‘famosa’ crise – o panorama actual e como se vivia noutros tempos – a conversa foi muito para lá do tema previsto, transformando-se numa tarde agradável de partilha. Deixamos aqui um pouco daquela que foi uma tarde bem passada com os mais velhinhos…

Maria Joaquina Armindo, 66 anos, Ortigosa
Maria Joaquina está no Centro de Dia, e ao perguntarmos se havia crise, foi pronta e firme a declarar, “Agora há crise? No meu tempo é que havia crise e passava-se melhor do que agora! Agora anda tudo ‘levado da porra’!”. Durante a longa conversa, Joaquina mostrou-se algo indignada com o panorama actual, pois, para ela, é inconcebível contrair empréstimos para, por exemplo, ir de férias. “Não se tem, não se vai”, afirmou. “Crise… crise… sou do tempo em que uma sardinha era para quatro ou cinco pessoas e a cabeça era para duas!”, relembrou. Mas, Joaquina, apontou ainda o dedo aos responsáveis, dizendo que “nós, pais e avós, é que os habituamos mal…Tentámos dar tudo, e agora somos os maus da fita.” Quanto ao futuro deste panorama, apenas declarou que “por melhor, ninguém espere”.

Maria de Jesus, 90 anos, Chã da Laranjeira
Maria de Jesus está no Lar do Souto há cerca de sete meses. Puxando pela memória, Maria afirma que, no seu tempo, não era assim, “havia crise, mas de outras coisas. Agora tudo mudou, e nada para melhor”. “As pessoas habituavam-se a viver consoante o que tinham: uma couve, uns feijões, uma sardinha… mas que esse tempo não volte nunca mais”, afirmou. Também um pouco saudosista da sua jovialidade, Maria contou que, no seu tempo, todos eram mais poupados. “Passávamos sem ir a uma festa e a nossa melhor roupa era lavada ao sábado para a vestirmos ao domingo. Vivia-se conforme as posses”, declarou.

Aleixo Ferreira, 83 anos, Souto da Carpalhosa
“O que há mais é crise!”, começou logo por afirmar. Sempre muito simpático, Aleixo relembrou um pouco como era a crise há uns anos atrás. “Também havia crise, mas não era como agora, a malta não andava como anda hoje”, disse. Querendo mostrar que todo este cenário é consequência de hábitos, Aleixo afirmou que “as pessoas deviam habituar-se a viver com o que têm”. Quanto ao futuro, quis ser um pouco realista dizendo que “a crise não vai acabar tão depressa. A ver-se fábricas a fechar e o desemprego a aumentar? É rezar e esperar dias melhores”.

Idalina da Silva, 86 anos, Monte Real
Já habituada aos ares do lar, com oito anos de casa, Idalina sussurrou de imediato: “Dizem que ela anda aí…”. Mais uma vez, e falando de crise noutros tempos, veio o exemplo da sardinha. Para Idalina, se antigamente se pecava por defeito, agora é por excesso. “No meu tempo, era uma sardinha para três ou quatro, e todos queriam a cabeça que dava para dois, agora até comem sete ou oito de uma vez!”, conta. Afirmando que as pessoas “querem viver conforme não podem”, Idalina teme que o cenário tende a piorar, pois “os grandes querem ordenados cada vez maiores, e quem não tem emprego… coitado”. “Antes vivia-se melhor. Em minha casa éramos sete e nunca se passou fome. Agora querem só luxos e esquecem o básico, como a comida”, rematou.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pela 1º vez consultei a página do Souto e notei uma estrutura bem definida. Noticias sérias e ilucidativas. Parabens a todos aqueles que se dedicam à causa dos mais necessitados. Parabens Sr. Padre.

Anónimo disse...

Como posso contactar com o Centro Social e Cultural da Paróquia do Souto via net? utilizei o email csocial.souto@clix.pt e csocial@simplesnet.pt e nada consegui.
Cumprimentos
Fernando-dinis@sapo.pt