VACAS LEITEIRAS AO ABANDONO!

Nós, os (e)migrantes, continuamos sob a mesma efígie de sempre: sem razão, sem direitos, sem estatuto e sem Pátria!
Não é bem assim, mas quase.
Seria necessário o jornal inteiro para esclarecer o que vai e não vai com os expatriados, o que já fomos, já não somos, mas continuamos, na aba do sistema governamental. Gostaria de saber uma vez para sempre em que patamar nos colocam as senhoras e senhores deputados da Assembleia da República?
Como disse, seria necessário muito espaço para as questões que gostaria de colocar, igualmente para as respostas, que esperamos e não chegarão jamais, sobre direitos, educação, equivalências, seguros, legalizações, repatriamento, etc.
A maioria, para não dizer a totalidade, dos portugueses emigrados não vivem envergonhados lá onde se encontram e trabalham, reabsorvem as dificuldades, não se poupam a sacrifícios, mas apreciam as recompensas!...
A inditosa ditadura que conhecemos e obrigara os portugueses a fugir de Portugal, já findou em 1974! Queria lembrar aos senhores deputados que não conheceram esse tempo, ou não se lembram porque eram ainda “putos”, que esses arrojados homens sem estatuto e desclassificados fugiram à fome, à guerra e à miséria que pairava sobre nós, portugueses!
Poucos, muito poucos, sabiam o que era um salário com “caixa de previdência” e, não obstante a perseguição mantida contra todos os que se atreviam sair, as receitas que mandassem para as famílias começarem a ser prodígio para a economia nacional. Durante largos anos os mesmos aforros dos emigrantes serviram de aval aos soldados e outros enviados para o então Ultramar Português. A continuação do envio de remessas, foram a salvação nacional no pós 25 de Abril!
Felizmente, penso ainda e quero acreditar que a democracia se instalou para durar.
É a minha opinião, depois de todo o tempo ausente nunca esqueci o meu país, como opinam certamente milhares de compatriotas na minha situação. Por consequência, gostaria de sentir o mesmo dever, a mesma consideração de cidadão, usufruir os mesmos direitos de residente desde que possuam um B.I. actualizado, e não haver nunca renunciado a minha nacionalidade.
Porque razão devemos nós ser excluídos do voto legislativo?
Será que os nossos representantes incomodam tanto assim?
Será que a Europa sirva só para dar e não tenha nada para receber?
Porventura não pagam os emigrantes aquilo que consomem?
(Incomodam, por falarem alto e noutras línguas, bem hajam)
Esperamos, que mais dia, menos dia os senhores ministros não venham às rádios e televisões solicitar apoios aos mesmos sacrificados de sempre.
Com certeza, os emigrantes têm direito a votar, e, desfalcados como foram das proximidades consulares, concedam-lhes os meios de voto por correspondência.
Quanto às senhoras deputadas que manifestam o seu desacordo, convido-as a cogitar, encontrem o sistema fiável para a consulta, sem prejudicar quem vota, na boa fé.
Não para isso que são pagas?

Albino de Jesus Silva
(Ex-dirigente associativo, emigrante em França há 45 anos).

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