NATAL DIFERENTE, UM MUNDO NOVO!

As lâmpadas irradiam luz que se espalha no escuro da noite, ou timidamente no interior das casas e, em mais espampanante manifestação, nas lojas, onde têm como missão cativar e atrair para um maior consumo. Provavelmente com um pouco mais de economia, dadas as manifestas dificuldades em que nos estamos a atolar, construímos um Natal mais modesto exteriormente. Isso pode ter a “solene” vantagem de nos obrigar a repensar, por um momento que seja, o verdadeiro espírito do Natal. Ele começou por nascer de uma festa pagã que festejava o “Dia do Sol”, o “Deus Sol”, por ocasião do solstício de Inverno: os dias começam a “crescer” e as noites a “minguar”. Com o intuito de cristianizar a festa pagã, a Igreja deu-lhe um sentido novo escolhendo esse mesmo dia para celebrar o Natal, o nascimento de Jesus “Luz das nações”.
Os tempos passaram e o espírito inventivo dos homens consumistas soube substituir a imagem do Menino Jesus por um velho de barbas brancas. De São Nicolau, Bispo, retiraram o espírito generoso no serviço dos mais pobres, partilhando com eles os seus bens, para transformarem esta imagem do velho de vermelho em “dador” de presentes, quando de facto ele não é mais que um chamariz a que nesta época todos transformem tudo em consumo, para o qual muitos têm precisado de fazer pedidos de dinheiro aos bancos, até há bem pouco tempo, “facilitistas” no financiamento do crédito.
São Nicolau foi transformado no Pai Natal, o Menino Jesus, como presente por si mesmo, foi substituído por camadas de tralhas e bombons, e o amor que nos levava ao verdadeiro encontro de uns com os outros foi abalroado pelos presentes que, supostamente, manifestam a relação entre pessoas, mas que em muitos dos casos são simples tentativas infrutíferas da substituição do carinho, do tempo, da amizade, do amor e do afecto que não temos capacidade de distribuir e oferecer pelos que nos são mais próximos. Por isso, e muito mais, o Natal perdeu o seu espaço para o espírito pagão do passado longínquo.
Um novo ano está por aí já a despontar, queira Deus que no seu decurso possamos recuperar os empregos perdidos, se afaste de nós o medo da insegurança em todos os sentidos, nos seja devolvida a possibilidade de poder gastar muito, mas que isso seja acompanhado por um espírito novo de poupança e de capacidade para a preparação de um futuro mais justo e fraterno. Se a sociedade está a destruir as nossas raízes familiares, o novo ano e a crise nos ensine a caminhar em contra-ciclo, guiados não pelos outros pelo nosso interior mais profundo, que conduz à redescoberta do ser humano.

Pe. José Baptista

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