As lâmpadas irradiam luz que se espalha no escuro da noite, ou timidamente no interior das casas e, em mais espampanante manifestação, nas lojas, onde têm como missão cativar e atrair para um maior consumo. Provavelmente com um pouco mais de economia, dadas as manifestas dificuldades em que nos estamos a atolar, construímos um Natal mais modesto exteriormente. Isso pode ter a “solene” vantagem de nos obrigar a repensar, por um momento que seja, o verdadeiro espírito do Natal. Ele começou por nascer de uma festa pagã que festejava o “Dia do Sol”, o “Deus Sol”, por ocasião do solstício de Inverno: os dias começam a “crescer” e as noites a “minguar”. Com o intuito de cristianizar a festa pagã, a Igreja deu-lhe um sentido novo escolhendo esse mesmo dia para celebrar o Natal, o nascimento de Jesus “Luz das nações”.
Os tempos passaram e o espírito inventivo dos homens consumistas soube substituir a imagem do Menino Jesus por um velho de barbas brancas. De São Nicolau, Bispo, retiraram o espírito generoso no serviço dos mais pobres, partilhando com eles os seus bens, para transformarem esta imagem do velho de vermelho em “dador” de presentes, quando de facto ele não é mais que um chamariz a que nesta época todos transformem tudo em consumo, para o qual muitos têm precisado de fazer pedidos de dinheiro aos bancos, até há bem pouco tempo, “facilitistas” no financiamento do crédito.
São Nicolau foi transformado no Pai Natal, o Menino Jesus, como presente por si mesmo, foi substituído por camadas de tralhas e bombons, e o amor que nos levava ao verdadeiro encontro de uns com os outros foi abalroado pelos presentes que, supostamente, manifestam a relação entre pessoas, mas que em muitos dos casos são simples tentativas infrutíferas da substituição do carinho, do tempo, da amizade, do amor e do afecto que não temos capacidade de distribuir e oferecer pelos que nos são mais próximos. Por isso, e muito mais, o Natal perdeu o seu espaço para o espírito pagão do passado longínquo.
Um novo ano está por aí já a despontar, queira Deus que no seu decurso possamos recuperar os empregos perdidos, se afaste de nós o medo da insegurança em todos os sentidos, nos seja devolvida a possibilidade de poder gastar muito, mas que isso seja acompanhado por um espírito novo de poupança e de capacidade para a preparação de um futuro mais justo e fraterno. Se a sociedade está a destruir as nossas raízes familiares, o novo ano e a crise nos ensine a caminhar em contra-ciclo, guiados não pelos outros pelo nosso interior mais profundo, que conduz à redescoberta do ser humano.
Pe. José Baptista
NATAL DIFERENTE, UM MUNDO NOVO!
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